ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DISCUTIR ASPECTOS DA POLÍTICA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO E AS POLÍTICAS DE
RECURSOS HUMANOS PARA OS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE – QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 24-11-2008.
Aos vinte e quatro dias do mês
de novembro do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas, o
Vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos
da presente Audiência Pública, a qual teve como Mestre de Cerimônia o Senhor José Luís Espíndola
Lopes, destinada a discutir aspectos da
política educacional do Município e as políticas de recursos humanos para os
trabalhadores em educação de Porto Alegre, conforme requerido pela Associação
dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre – ATEMPA (Processo
nº 5971/08). Compuseram a Mesa: o Vereador Sebastião Melo e a Vereadora Sofia
Cavedon, respectivamente Presidente e Vereadora da Câmara Municipal de Porto
Alegre; o Senhor Flávio José Helmann da Silva, Diretor-Geral da ATEMPA; a
Senhora Carmem Padilha, Presidenta do Sindicato dos Municipários de Porto
Alegre – SIMPA –; a Senhora Suzana Reis Coelho, Supervisora de Recursos Humanos
da Secretaria Municipal de Administração, representando a Secretária Sônia Vaz
Pinto; a Senhora Marta Barbosa Castro, representando o Conselho Municipal de
Educação; e a Senhora Maria Cristina Chaves Garavelo, representando a
Secretaria Municipal de Educação. Ainda, como extensão de Mesa, foi registrada
a presença do Senhor Luiz Fernando Rigotti, Diretor-Geral do Departamento
Municipal de Previdência dos Servidores – PREVIMPA. Também, foram registradas
as presenças, neste Plenário, da Senhora Marly Freitas Cambraia, representando
o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – Sindicato dos
Trabalhadores em Educação – CPERS/SINDICATO, e do Senhor Paulo Castro,
representando a Guarda Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante
os trabalhos da presente Audiência Pública, informando que, após o
pronunciamento o Senhor Flávio José Helmann
da Silva, Diretor-Geral da ATEMPA, requerente
desta Audiência, e das Senhoras Maria Cristina Chaves Garavelo, Simone
Araújo Lovatto e Suzana Reis Coelho,
representando o Governo Municipal, seria concedida a palavra aos representantes
da comunidade e aos Vereadores inscritos para pronunciamentos. Em continuidade, foram iniciados os debates acerca
da política educacional do Município e das políticas de recursos humanos para
os trabalhadores em educação de Porto Alegre, tendo o Senhor Presidente
concedido a palavra ao Senhor Flávio José Helmann da Silva e às Senhoras Maria
Cristina Chaves Garavelo, Simone Araújo Lovatto e Suzana Reis Coelho, que se
pronunciaram sobre o assunto. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o Senhor Wilson de Oliveira Miranda, do Centro
Municipal de Educação dos Trabalhadores – CMET Paulo Freire – e Delegado do
Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre; a Senhora Ana Luiza
Paganelli Caldas, da Escola Municipal de Ensino Fundamental de Surdos Bilíngüe
Salomão Watnick; a Senhora Carmem Padilha; a Senhora Magi Magnus Minotto,
Professora da Escola Municipal Especial de Ensino Fundamental Professora Lygia
Morrone Averbuck; a Senhora Gorete Losada, Diretora de Assuntos Sindicais da
ATEMPA; o Senhor Adriano Fernandes de Moura, do CMET Paulo Freire; a Senhora Marta Barbosa Castro; e a Vereadora
Sofia Cavedon. A seguir, o Senhor Presidente
concedeu a palavra, para as considerações finais acerca do tema em questão, aos
Senhores Flávio José Helmann da Silva, Suzana Reis Coelho e Maria Cristina
Chaves Garavelo. Também, o Senhor Presidente manifestou-se acerca dos assuntos
abordados na presente Audiência Pública. Às vinte e uma horas e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência
Pública. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Sebastião Melo e pela
Vereadora Sofia Cavedon, esta nos termos do artigo 27, parágrafo único,
do Regimento, e secretariados pela Vereadora
Sofia Cavedon, como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Sofia Cavedon, Secretária
“ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada pelos
Senhores 1º Secretário e Presidente.
O
SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS (José Luís Espíndola Lopes): Vamos dar início à Audiência Pública para
tratar de pontos importantes sobre a política educacional do Município e a
política de recursos humanos para os trabalhadores em Educação de Porto Alegre,
convocada pela ATEMPA, Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de
Porto Alegre. Convidamos para compor a Mesa: o Exmo Sr. Presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Sebastião Melo; o Diretor-Geral da
Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre, Sr.
Flávio José Helmann da Silva; a Presidenta do Sindicato dos Municipários de
Porto Alegre, SIMPA, Srª Carmem Padilha; a Supervisora de Recursos Humanos da
Secretaria Municipal de Administração, Srª Suzana Reis Coelho, representando a
Secretária Sônia Vaz Pinto; a representante do Conselho Municipal de Educação,
Srª Marta Barbosa Castro; a representante da Secretaria Municipal de Educação,
Srª Maria Cristina Chaves Garavelo.
O
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Sebastião Melo, está com a
palavra.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agradeço
ao nosso mestre-de-cerimônias, José Luís Espíndola Lopes. Quero saudar a
composição da nossa Mesa, e, de resto, saudar aqui, como extensão, o Presidente do
PREVIMPA, o Rigotti, entre outras representações. Este ano a Casa realizou e
realizará ainda muitas Audiências Públicas. Nós consideramos um espaço importante
de debates, onde se podem apontar caminhos nas mais diversas áreas. Eu acho que
uma Audiência Pública sempre é uma riqueza grande, e que qualifica,
indiscutivelmente, a nossa cidadania. Por isso a Mesa tem tido uma posição de
não rejeitar nenhuma solicitação de Audiência Pública; pelo contrário, todas as
solicitações de Audiências Públicas que têm aportado na nossa Mesa Diretora, de
plano, nós temos despachado. A maioria dessas Audiências, quero dizer aos
senhores, não acontecem aqui dentro da Casa. Na semana passada, mesmo, nós
tivemos uma Audiência lá no Jardim Ypu com mais de 400 pessoas, sobre os mais
diversos temas, mas, especialmente sobre parcelamento do solo, questões
envolvendo a mobilidade urbana e outros temas da Cidade.
Então, ao abrirmos esta Audiência, como pretendemos
levá-la? Primeiro vamos conceder a quem pediu a Audiência, que é a ATEMPA, um
prazo de 20 minutos para dizer das razões da Audiência Pública, e, num segundo
momento, para a representação do Governo, talvez não fosse apenas uma
Secretaria, mas que pudessem dividir esse mesmo prazo. E nós estamos, a partir
deste momento, abrindo as inscrições com o Sr. Brasil. Nós temos, pelo
regramento, até 10 inscrições com o prazo de cinco minutos, entidades ou
pessoas físicas. Portanto, eu solicito que aqueles que queiram utilizar, após
as manifestações tanto da entidade que solicitou quanto das manifestações
iniciais da representação do Governo, nós, então, concederemos a palavra, pela
ordem de inscrição, àqueles que assim o solicitarem. Então, inicialmente,
concedo a palavra ao Diretor-Geral da Associação dos Trabalhadores em Educação
do Município de Porto Alegre, ATEMPA, Flávio José Helmann da Silva.
O SR. FLÁVIO JOSÉ HELMANN DA SILVA: Boa-noite a
todos e todas, um cumprimento especial à Mesa, na pessoa do Presidente da
Câmara de Vereadores, Ver. Sebastião Melo; demais componentes da Mesa
representando o Governo; a Presidente do meu Sindicato, a Carmem, do Sindicato
de todos os municipários aqui presentes.
Em nome da ATEMPA, gostaríamos de cumprimentar a
todos vocês e agradecer, desde já, pela presença e dizer que é com muita
satisfação que a ATEMPA vem a esta Casa, e que abrimos aqui esta Audiência
Pública para levantar uma série de questões que preocupam os trabalhadores em
Educação do Município de Porto Alegre em relação aos desafio que vimos
enfrentando na implementação da política educacional em Porto Alegre e,
principalmente, aos desafios que nos aguardam para o ano de 2009.
Queríamos, então, desde já, agradecer pela presença
de vocês, em especial, à Câmara, por ter atendido ao nosso pedido. E quero
salientar que aqui, nesta Casa, temos tido, em especial na Comissão de
Educação, uma presença constante e iniciativas para colocar sempre em pauta a
discussão de assuntos que são importantes para nós, trabalhadores em Educação
no Município, bem como todos os trabalhadores da rede municipal de ensino.
A primeira questão que queríamos levantar como uma
preocupação e pedir a atenção e a ajuda na Câmara nesse problema é a questão da
qualidade da rede municipal de ensino de Porto Alegre, que, na nossa avaliação,
está em risco. Fundamentalmente, por um processo que está-se dando muito
disfarçadamente ou não está vindo à tona na nossa Cidade, que é o processo de
municipalização do ensino que está em curso no nosso Estado e está afetando
fortemente Porto Alegre. Então, esta é a primeira questão que gostaríamos de
abordar, dizendo que está acontecendo em Porto Alegre um processo de fechamento de vagas no
Ensino Fundamental, na Educação de Jovens e Adultos, e até mesmo no Ensino
Médio, que está sendo praticado pelo Governo do Estado, que está se desonerando
dessa atribuição, como Educação Pública, e que vem a pressionar a Rede
Municipal de Ensino. E nós alertamos: o Município de Porto Alegre não terá recursos,
não terá condições efetivas de recursos humanos, de espaço físico para atender
a essa demanda. Por que o Governo do Estado está fechando escolas, fechando
turmas de Ensino Fundamental? Se as Senhoras e Senhores forem até a Escola
Estadual Alberto Torres, na Vila Nova, verão faixas dizendo que: “No ano que
vem esta escola - que é uma escola histórica na nossa Cidade, eu tive a honra
de estudar lá, no meu Ensino Fundamental –, em 2009, não haverá nenhuma turma
de Ensino Fundamental.” E mais do que isso, mandando aquela comunidade procurar
as escolas municipais da região: a Escola Leocádia Felizardo Prestes, a Escola
Municipal de Ensino Fundamental Campos do Cristal, a Escola Municipal de Ensino
Fundamental Vila Monte Cristo, para que nelas sejam atendidos no Ensino
Fundamental. Isso não é só na Vila Nova que está acontecendo, está acontecendo
em várias outras regiões da Cidade. Isso acontece também no Ensino Médio.
Vejamos o caso da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, que será totalmente
absorvida pela Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer. Esse tipo de
pressão está acontecendo em toda a Cidade, isso já acontece há mais tempo na
Educação de Jovens e Adultos, o Governo do Estado desmonta com essa modalidade
de ensino no Estado e em Porto Alegre. E toda a força, toda a demanda que a
Rede Municipal forma, ano a ano, no Ensino Fundamental, na Educação de Jovens e
Adultos, não tem para onde ir para fazer o seu Ensino Médio nessa mesma
modalidade. Isso leva a que se faça um movimento em Porto Alegre para que o
Município assuma a Educação de Jovens e Adultos de Nível Médio. A pergunta é:
Porto Alegre tem recursos para atender isso? Vai contratar, dobrar, triplicar o
número de trabalhadores em Educação para atender a essa demanda? Esse é um
processo que está em curso. E o Governo Municipal de Porto Alegre, a Câmara de
Vereadores têm que se levantar contra isso e não permitir que o Governo do
Estado continue se desonerando em relação a essas questões da Educação. E o
Governo Municipal não reage a essa situação, não se mobiliza para cobrar da
Governadora Yeda Crusius, da Secretária Mariza Abreu que assumam a
responsabilidade do Estado e garantam investimentos e a qualidade da Educação
Pública de que a nossa população precisa. A pressão sobre a rede municipal é
grande e terá as suas conseqüências logo ali na frente, e teremos um inchaço
dessa demanda da escola municipal e o não-acompanhamento dos investimentos,
levando, conseqüentemente, à baixa da qualidade. A qualidade que nós prestamos,
hoje, ao estudante em Porto Alegre está em risco, e a qualidade do nosso
trabalho está em risco. Isso vai pressionar as nossas condições de trabalho e a
nossa remuneração. Nós alertamos para o processo de municipalização que está em
curso e que vai ser de graves conseqüências para a realidade de Porto Alegre em
todos os níveis: Fundamental, Médio e na Educação de Jovens e Adultos.
Outra
questão que nós levantamos é a questão do Ensino Fundamental em Porto Alegre. Nós alertamos que essa situação ameaça as
nossas escolas de Ensino Fundamental para crianças e adolescentes, pressionando
a oferta de espaço físico, de bibliotecas, de laboratórios de informática, de
laboratórios de aprendizagem. Hoje, a escola de Porto Alegre é tida como uma
escola que tem uma ótima estrutura, mas essa estrutura vem se deteriorando e,
se nós não nos levantarmos contra essa pressão, ela vai ser insuficiente e vai
ficar, cada vez mais, deteriorada. A gente levanta essa questão: como é que nós
vamos ampliar o atendimento com os recursos físicos? Nós ouvimos, recentemente,
propostas de escola de turno integral, de aumento de projetos, como o que hoje
é executado, como o ‘Cidade Escola’, com mais demanda de professores, com mais
demanda de técnicos, com mais demanda de espaço físico. Como vamos dar conta disso?
Porto Alegre vai fazer um aporte, triplicando os recursos que hoje investe em
Educação? Porto Alegre vai dar conta disso com os recursos que tem no
Município? Parece que não, parece que a lógica é atender com os recursos que
existem, atender com os professores que existem, atender com o espaço que
existe, atender com os equipamentos que existem. Isso significa baixa da
qualidade de ensino.
As nossas escolas infantis são outro grave problema que a gente enfrenta na Educação
em Porto Alegre. Ao longo de décadas, nós construímos uma rede de escolas
infantis significativa para Porto Alegre, atendendo à grande demanda do Ensino
Infantil de até cinco anos em nossa Cidade, quando não existia essa política.
Hoje, a gente vê uma pressão sobre o Poder Público para que assuma o Ensino
Infantil, Porto Alegre já vem executando isso com uma rede significativa, mas
que há muito não é ampliada e não é dado conta do que a Cidade precisa.
A
gente precisa de mais recursos humanos na escola infantil, a gente precisa de mais
funcionários, de mais monitores, de mais professores para qualificar o
atendimento prestado a essas crianças. Muitas dessas crianças, hoje, são
atendidas por estagiários, sem a presença de professores, ou com a presença
mínima deles nas escolas infantis. E essa demanda vai aumentar, como é que a
gente vai responder a isso? A rotina das nossas escolas infantis é mais
extenuante ainda do que a rotina do Ensino Fundamental, do Ensino Médio ou da
Educação de Jovens e Adultos, e a isso o Governo não responde.
As
Escolas Municipais Especiais de Ensino Fundamental e a nossa política de
inclusão: é uma outra pressão que se coloca. Nós vivemos, em Porto Alegre e no
Brasil, uma pressão para o fechamento das escolas especiais. E nós defendemos
aqui em Porto Alegre que se mantenha essa rede, que é pequena, mas que
significa muito para esses alunos e para essas famílias que recebem o
atendimento nessas escolas especiais. Não é excludente a política de inclusão
desses alunos nas escolas de Ensino Fundamental da nossa rede com a
continuidade das escolas especiais. Nós defendemos que essas duas políticas
devem permanecer, e mais do que isso: a nossa política de inclusão desses
alunos com necessidades especiais nas escolas regulares precisa ser colocada em
termos de dar aporte de recursos humanos, técnicos e físicos para receber esses
alunos. Não adianta colocar esses alunos para dentro da escola se os nossos
professores, os trabalhadores da escola, todos os funcionários e todo o corpo
da escola não recebem qualificação para atender melhor a esses alunos; não
adianta, se as nossas salas de integração de recursos não são qualificadas e
ampliadas para atender a esses alunos. Nós temos, sim, que fazer essa inclusão,
mas temos que dar condições para que as escolas possam receber esses alunos e
para que os trabalhadores possam executar o seu trabalho em condições de
atender as necessidades desses alunos, para que eles possam realmente ser
incluídos, e não simplesmente jogados na Rede Municipal de Ensino. Nesse
particular, nós temos a iniciativa de uma Escola Municipal de Surdos em Porto
Alegre, e essa escola tem área, mas o projeto não anda, a escola não é
concluída, e esses alunos estão sendo hoje atendidos, minimamente, em dois
espaços muito reduzidos: um na Av. Goethe, e outro no CMET.
Os
alunos surdos merecem a atenção deste Governo, merecem a atenção da Câmara,
para que lutemos para que definitivamente possamos implantar essa escola, e que
consiga atendê-los na Educação de Jovens e Adultos no CMET, com qualidade. Por
falar nisso, a única escola exclusiva de Educação de Jovens e Adultos deste
Município não tem área adequada. Vamos entrar em 2009, e nós, trabalhadores,
não vamos permitir que se passe 2009 sem novamente iniciar a instalação do
prédio definitivo da Escola de Educação de Jovens e Adultos exclusiva que temos
nesta Cidade, que é o Centro Municipal de Educação de Trabalhadores Paulo
Freire, sem que ela realmente esteja implantada. Sem falar na estrutura de toda
a nossa Rede de EJA, que é uma rede que sofre de uma exclusão do ponto de vista
da compreensão de toda a estrutura de escola do turno da manhã e da tarde.
Essas coisas têm que mudar, e 2009 não pode iniciar com isso novamente
colocado, sem que a EJA tenha, efetivamente, do Município de Porto Alegre,
investimento e um trabalho para que ela realmente faça parte da escola como um
todo, para que ela desfrute de toda estrutura e das condições de investimento
das outras modalidades.
E,
mais do que isso, nós temos uma Resolução, em curso, do Conselho Federal de
Educação, que vai colocar como idade mínima para a EJA os 18 anos. E a pergunta
que a gente faz é: onde ficarão os adolescentes, os jovens de 15 a 18 anos que
vão ser excluídos da escola? Porque eles vão ser impedidos de entrar na EJA, e
não mais se inserem no processo da escola de Ensino Fundamental ciclada que nós
temos em Porto Alegre, e nem na seriada do Governo Estadual, no dia e na tarde.
Eles não vão estar nessas escolas, e eles vão ser proibidos de ir para a EJA.
Onde é que eles vão ficar? Talvez, aumentar ainda mais os índices de violência
que a gente vem sofrendo. Violência essa que os trabalhadores em Educação vêm
sofrendo no dia-a-dia do seu trabalho.
E
aqui, Presidente, gostaria de destacar, em especial, a situação que a gente vem
vivendo em algumas escolas este ano, como na Escola Chico Mendes, como na
Escola Mariano Beck e na Escola Infantil Marzico, aqui na Vila Cruzeiro, nos
últimos meses, e em especial nas últimas semanas, uma situação de muita
violência, enfrentando gangues, tráfico de drogas, tiroteios. Trabalhadores e
professores dessas escolas enfrentando ameaças no seu dia-a-dia. E a SMED, o
que faz? O Governo Municipal, o que faz? Solidariza-se com esses trabalhadores,
mas, na verdade, de efetivo, é o quê? A retirada da Guarda Municipal do dia-a-dia
da escola. O que nós tínhamos no passado, pelo menos a presença dos nossos
colegas guardas, enquanto a escola estava aberta, hoje não é mais uma realidade
em todas as escolas. E mais do que isso, carecemos de um programa, de projetos,
de ações do Governo Municipal que articulem com o Governo Estadual, com o
Governo Federal, para fazer do entorno das escolas municipais de Porto Alegre,
que estão distribuídas por toda periferia, lugares pelo menos mais seguros, ou
menos violentos, para que os trabalhadores em Educação possam executar os seus
serviços, e para que os nossos alunos e as nossas comunidades escolares possam
ser atendidas nesses espaços da escola.
O
Governo Municipal nos acena com o Projeto Vizinhança Segura, mas este Projeto é
muito pequeno, ele não está presente nas nossas escolas municipais, e não dá
conta dessa demanda. O Governo Municipal não articula as forças de Segurança
Pública, não articula os serviços e a rede de serviços de Assistência Social,
de Saúde, de Saneamento desta Cidade, seja do Município, do Estado ou do
Governo Federal, para criar no entorno das nossas escolas municipais, onde
estão as comunidades mais carentes desta Cidade, lugares mais seguros. É disso
que nós precisamos. Não é com a retirada da Guarda que nós criaremos ambientes
mais seguros nas escolas. Muito pelo contrário, não é só a presença da Guarda,
sabemos que os nossos colegas da Guarda Municipal não resolvem todos os
problemas. Mas o que o Governo Municipal nos acena é com isso - com a sua
retirada, e a ausência de projetos que possam criar no ambiente da escola
lugares mais seguros. Assim os nossos companheiros da Escola Municipal
Educacional Infantil Osmar dos Santos Freitas, Marzico, da EMEI, estão há mais
de um mês, há quase dois meses, sofrendo ameaças, assim como os trabalhadores
da EMEF José Mariano Beck, da EMEF Chico Mendes, e de tantas outras escolas que
poderíamos citar aqui. Queremos, sim, segurança no entorno das nossas escolas.
Queremos
também o Plano de Carreira dos Servidores da SMED e da SME nesta Casa. Por que
o Plano de Carreira destas Secretarias não foi remetido para a Câmara de
Vereadores para virar lei? Porque o Governo Municipal diz o seguinte: “Nós não
faremos discussões pontuais sobre uma carreira; faremos uma discussão conjunta
com todos os municipários.” Pois há dois anos esse plano discutido entre
funcionários e Governo está nas gavetas internas da Secretaria de Educação, da
Secretaria de Administração, da Secretaria do entorno do Gabinete do Prefeito.
Para os funcionários da SMED e da SME, não há Plano de Carreira, porque vai dar
vantagens. Agora, para gratificações para áreas como a da Fazenda,
gratificações polpudas, gordas, que chegam a mais de R$ 3.000,00 por mês, tinha
dinheiro. Aí pode fazer uma discussão específica, mas para a área da Educação,
não. Porque não é estratégica. Porque não é do interesse do Governo, dos
interesses financeiros.
A
nossa Lei nº 11.301, de Aposentadoria Especial para professores das escolas, a
vigência dessa Lei foi negada pelo PREVIMPA e pelo Prefeito, em Porto Alegre,
quando era uma Lei Federal. Por quê? Porque foram questionar. Outros
questionaram a constitucionalidade desta Lei, e esta Lei não foi empregada a
partir de 2007. Chamaram de volta grupos de professores deste Município que já
prestaram tempo de serviço e que tinham direito a essa aposentadoria. Agora,
como o Supremo disse que a Lei é constitucional e que o Município não a
aplicava, querem deixar de fora os professores que desempenham as suas funções
em laboratório de aprendizagem, em biblioteca, na secretaria. A Lei é clara: os
professores em escola que prestam assessoramento pedagógico têm direito a essa
aposentadoria. Laboratório de aprendizagem, com os alunos que mais precisam de
apoio pedagógico dos professores, é ou não é apoio pedagógico? É a pergunta que
nós fazemos à Secretaria de Educação, ao PREVIMPA e aos responsáveis pela
aplicação dessa Lei em Porto Alegre. Todas as funções, em escolas, executadas
por professores são funções de assessoramento pedagógico, e nós queremos essa lei
para todos os professores que estão nas unidades escolares. Chega de recursos
humanos estressados! A realidade em nossas escolas é tensa e pesada, o
atendimento à saúde dos municipários não existe na qualidade e na quantidade
necessárias, o atendimento na nossa Biometria é um atendimento desumano, e as
Licenças-Prêmio, a que nós, os trabalhadores em Educação, professores, temos
direito, assim como os outros municipários, não podemos gozar na maioria das
escolas. Só quando uma Escola ou outra se organiza e sobrecarrega aqueles que
ficam para que os nossos colegas possam tirá-las, porque nós não temos recursos
humanos necessários nas escolas para que isso aconteça.
Hoje
a gente tem necessidade de mais de 50 professores na Rede. Em 2009, esse número
vai chegar a 200, ou mais. Por quê? Porque o Município está respondendo à
desoneração do Estado com criação de escolas novas: está-se criando a escola do
Rincão, a escola da Hípica de Ensino Fundamental, que, por sinal, até tiveram
seus trâmites, junto ao Conselho Municipal de Educação, bastante questionáveis,
quem sabe até irregulares do ponto de vista do trâmite que deveria haver para a
autorização da criação dessas escolas. Mas nós não temos professores para
atender essas escolas. Por quê? Porque o Governo Municipal não encaminhou o
concurso para professores que deveria ter encaminhado...
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Flávio,
tu já falaste 22 minutos, portanto dois minutos... Eu vou te conceder mais três
minutos; serão, portanto, 25 minutos - ficam concedidos, também à
contrapartida, 25 minutos, para dar o equilíbrio, para você desenvolver e
finalizar o seu raciocínio, mais três minutos.
O
SR. FLÁVIO JOSÉ HELMANN DA SILVA:
Pois não. Então a necessidade de concurso para professores é uma coisa que vai
afetar o funcionamento do ano letivo de 2009. A Secretária nos prometeu, na
última Audiência, que esse concurso sairia até dezembro; outras vozes de dentro
da Secretaria falavam em janeiro. Mesmo que esse concurso saia em dezembro ou
janeiro, ele não vai dar conta da necessidade que vamos ter no início do ano
letivo de 2009. Então todas essas questões nos preocupam muito, e
principalmente a questão de que isso nos cria uma situação de muito estresse,
agregada ao fato de que o nosso plano de carreira dos professores é um plano
que vem sofrendo ataques, pois um dos pilares, que é a progressão, não se pode
mais passar do Nível 1 para o Nível 2, da letra A para a letra B. Porque, já há
seis anos, há três processos que essa progressão não é permitida. Isso acaba
com o plano de carreira, isso achata os nossos salários e isso faz com que
tenhamos cada vez mais uma realidade para os trabalhadores em Educação e,
agregado a tudo isso, a qualidade da rede pública, da rede municipal de ensino
de Porto Alegre está em risco, com todas essas questões que levantamos aqui.
Pedimos o auxílio da Câmara e o auxílio das entidades aqui presentes, das
pessoas aqui presentes, para que se levantem na defesa da qualidade do ensino
público em Porto Alegre, e em especial do ensino prestado por essa rede que
tanto tem colaborado com a cidade de Porto Alegre. Eram essas as questões que a
gente queria colocar. Muito obrigado. (Palmas.)
Eu vou pontuando algumas questões pela fala do
Flávio, depois vou dividir a fala com a Suzana, da SMA, e solicito aos colegas
da Secretaria: se alguma complementação se fizer necessária, por gentileza, a
gente divide os tempos. Certo?
Inicialmente, a questão da municipalização. A
Secretaria Municipal de Educação tem uma posição firmada quanto a essa questão,
e temos a posição firmemente contrária a essa questão, ao fechamento de
escolas, ao fechamento de turmas. Já pautamos isso com a Central de Matrículas,
e já solicitamos uma audiência ao Gabinete da Secretária de Estado, Professora
Mariza Abreu, na perspectiva de discutirmos isso, porque temos clareza de que o
Ensino Fundamental é um nível de ensino sendo compartilhada responsabilidade, Estado e Município. E também temos a
clareza de que Porto Alegre sozinha não tem condições de atendimento aos nossos
alunos. Hoje nós temos – tirando as escolas de Educação Infantil – 53 Escolas
Fundamentais, e o Estado tem 255 escolas. Então, nós não temos como
quadriplicar a rede. E temos clareza do nosso compromisso, e, quando
construímos escolas, também estamos construindo, assumindo a nossa parte,
porque são escolas demandadas por uma comunidade, como a Escola do Rincão, que
foi demandada no Orçamento Participativo, em 2001, e hoje ela está em vias de
inauguração, na sua primeira etapa, a construção da Escola Moradas da Hípica,
que também é uma demanda do Orçamento Participativo, de 2003, que está em
construção.
Então
nessa perspectiva de diálogo com as comunidades, em respeito às necessidades
das famílias dos nossos alunos, na perspectiva de atendimento das escolas
próximas às residências, temos trabalhado nesse sentido de construção de
escolas. Mas sempre com cuidado, com responsabilidade, porque conhecemos que
atrás de uma escola vem toda uma estrutura que se faz necessária, em termos de
RH, em termos de repasse de verba, em termos de funcionários, de Guarda
Municipal... Não é somente um prédio. O prédio, eu diria, até que é mais fácil,
porque depois existe toda uma rede de atendimento que se faz necessária, e a
Secretaria assim tem trabalhado.
Quanto
à questão dos espaços, também é uma defesa nossa da manutenção desses espaços,
e nessa perspectiva também muito já fez, porque nada acontece de um dia para o
outro, é um processo, é uma caminhada que se tem, e a gente só vai
acrescentando, agregando.
Nós
tivemos em 2007 e 2008 a modernização de todos os laboratórios de informática,
com a substituição de todos os equipamentos, com a implantação do wireless. Agora,
há algumas escolas em que ainda faltam, e, no final do mês, eu sei que antena
já estará em vias de conclusão.
Vamos
ter a ampliação de salas da SIR, 10 salas, numa parceria, também, com o Governo
Federal, através do PAR, que foi elaborado pela Secretaria Municipal de
Educação, tivemos a ampliação e a qualificação inicialmente de 15 escolas com
quadra coberta - algumas já foram inauguradas, outras estão em construção,
outras estão em fase de licitação -, num investimento em torno de três milhões
da Secretaria com verba institucional. A Educação Infantil em Porto Alegre nos
preocupa, e preocupa todos, moradores, famílias. Hoje mesmo discutimos a Lei nº
11.700, que teve um artigo alterado com a obrigatoriedade das crianças de
quatro anos matriculadas em escolas próximas da sua residência, e este trabalho
está sendo feito pela Educação Infantil, num planejamento de como vamos,
gradativamente, ampliar as vagas na Educação Infantil, e temos o Projeto, a
proposta de construção de nove EMEIs, Escolas de Educação Infantil, que foi uma
política um pouco esquecida, e pretendemos reimplantar ou pelo menos iniciar,
reiniciar a construção dessas escolas. As Escolas de Educação Especial são uma
briga, no bom sentido, assumidas pela Cidade, em todas as suas esferas, nas
suas instituições da ATEMPA, do Conselho Municipal, dos colegas da Educação
Infantil, do próprio gabinete da Secretária, que Porto Alegre defende porque entende
que a Escola de Educação Especial também faz parte da política educacional da
Cidade, da política de inclusão. Ela não é, de modo nenhum, um espaço exclusivo
como muitas vezes somos acusados em debates e embates - não é, Profª Viviane? -
com o MEC, já fomos taxados que o que fazemos aqui é um crime. Manter escolas
de Educação Especial, para o Ministério da Educação é um crime. Pois nós
defendemos essas escolas, ali existe um espaço educativo de aprendizagem, de
conhecimento e de valorização. Quanto à questão do CMET, eu compartilho da
preocupação da Escola, temos na Secretaria o que chamamos de um GT -
EMEFs, que trata da construção de todas essas escolas. Nem sempre os processos,
os projetos andam na velocidade necessária e desejada, mas o Projeto já foi
apresentado e discutido. Depois, se a professora Simone quiser complementar
sobre o CMET...
E a questão da segurança é um tema sempre presente nos nossos debates; sábado mesmo, durante a realização da Conferência de Educação, esse tema veio à baila, nas audiências com as direções... A Secretaria tem debatido muito esse tema no Centro de Governo, com o Secretário de Segurança, e estamos trabalhando, tencionando. Muitas vezes contatamos também com a parceria da Comissão de Educação. Ainda na semana passada, em uma audiência com a Escola José Mariano Beck, tratamos deste tema. A Profª Simone gostaria de fazer uso da palavra?
A SRA. SIMONE ARAÚJO LOVATTO: Boa-noite,
com relação à EJA, gostaria não só de mencionar a questão do prédio do CMET,
que vimos acompanhando junto ao GT, de fato o projeto está em andamento, como
bem disse a Cristina, não no andamento que todos nós gostaríamos, com toda a
agilidade que se faz necessária, mas gostaria de retomar algumas outras falas
do Flávio com relação principalmente à questão do funcionamento da EJA, porque
compartilhamos da posição da ATEMPA de que a EJA não pode ser um anexo da
escola; ela deve ter, sim, toda sua estrutura garantida de funcionamento, com
todos os espaços, setores e ofertas que aqueles alunos têm direito. Nós temos,
sim, contemplado a EJA na política de RH, quando se faz essa distribuição, uma
vez que ela leva em consideração a questão do número total de alunos. Dessa
forma, a EJA também está contemplada e deveria ter esse RH garantido. E esse é
um tencionamento que fazemos todo final de ano nos fechamentos de quadro. Em
algumas escolas, efetivamente, já conseguimos todo o RH funcionando; em outras,
vimos avançando bastante, mas não podemos, ainda, dizer que conseguimos a
parceria e o entendimento de todas as equipes diretivas de que a EJA é parte da
escola e não meramente um anexo dela. Uma outra questão muito importante que o
Flávio lembrou é a questão do parecer encaminhado pelo Conselho Nacional de
Educação, propondo a idade mínima para a EJA de 18 anos.
Venho aqui convidar, não só referendar a questão da
ATEMPA e o próprio abaixo-assinado que o CMET está organizando,
contrário a essa idéia, a Secretaria não só compartilha deste entendimento como
gostaria de contar com a Câmara de Vereadores, com o Conselho Municipal de
Educação, para que assim como estamos indo na contramão do MEC na Educação
Especial, que possamos estar fazendo esta discussão e, quem sabe, estar indo na
contramão, se for preciso, na questão da educação dos jovens e adultos. Porque,
como bem disse o Flávio, não dá para deixar o pessoal de 15 a 18 anos no limbo,
porque é onde eles vão ficar. Eles não vão voltar para a escola diurna e eles
vão ficar onde? Então, a gente gostaria de poder contar com a Câmara de
Vereadores, Ver. Sebastião Melo, e com o Conselho, para que a gente possa estar
encaminhando essa discussão.
A SRA. MARIA CRISTINA CHAVES GARAVELO: Para
finalizar, a questão do Emílio Meyer e do Costa e Silva. Esta demanda de
transformar a Escola Emílio Meyer numa escola de Educação Básica partiu da
comunidade emiliana. Foi uma demanda vinda do Conselho Escolar, da Direção, do
grupo de alunos e do grupo de professores. E, nesse sentido, a Secretaria
estabeleceu um grupo de trabalho em parceria com a 1.ª CRE, para estudar, para ver
da possibilidade de o prédio retornar integralmente ao Município, mas por uma
demanda e o anseio da comunidade daquela escola. Quem vive ali e convive
diariamente com duas entidades, com duas mantenedoras, com duas formas de
trabalhar, sabe o quanto é difícil essa convivência. E a Secretaria é parceira
da necessidade, do anseio da Escola, não foi uma iniciativa autoritária que
partiu do gabinete. Não, o gabinete fez essa acolhida e essa discussão. Essa
retomada do prédio está sendo discutida, debatida com as duas escolas, com as
duas comunidades e com as duas mantenedoras. É fácil? Não, não é fácil, mas o
lugar do Costa e Silva passa a ser uma necessidade de resposta por parte do
Estado. O Município fez essa discussão com as duas Escolas, e assim temos trabalhado,
mas em momento algum isso significa aderir à municipalização, porque, como eu
disse no início da minha fala, a Secretaria tem uma posição firmada, de forma
contrária a esta municipalização, e, claro, a gente tem percebido que o Estado
pode estar, não vou afirmar, porque não caberia neste momento, mas o Estado
pode estar, sim, forçando uma situação, mas nós estamos atentas a essa
forçação. Passo a palavra à Suzana.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Para
complementar o tempo, Suzana, você tem cinco minutos, e mais quatro minutos, se
for necessário, que é o tempo que eu concedi ao Flávio, portanto, você tem até
o limite de nove minutos.
A
SRA. SUZANA REIS COELHO: Boa-noite
Presidente, boa-noite componentes da Mesa, eu sou Supervisora de Recursos Humanos
da Secretaria Municipal de Administração, estou aqui representando a Secretária
Sônia Vaz Pinto, que não pôde comparecer neste momento. Eu anotei algumas
questões que o Flávio, da ATEMPA, trouxe e que eu poderia, neste momento,
responder, assim como outros que a SMA está à disposição para que a gente possa
sentar e conversar, mas têm alguns pontos que eu acho que a gente já pode
trazer aqui.
Na
questão do concurso, já foi feito processo de licitação, via pregão eletrônico,
para contratação de empresa para realização de concurso para vários cargos,
todos cargos de professor, com todas as habilitações para professor, que está
contemplado neste concurso. É um grande concurso, está em processo de licitação
para a contratação da empresa, e espera-se que realmente este ano, esse é o
nosso cronograma, a gente consiga realizar o concurso, o mais tardar no início
de janeiro, é uma questão só de prazos legais a serem cumpridos.
Quanto
à questão de qual é o prazo para homologação final do concurso, principalmente
para professores, existem prazos diferentes, uma vez que o cargo de professor
exige, dentro da habilitação, não só a prova objetiva, como também a análise de
currículo, ou seja, apresentação de títulos, o que demanda um tempo a mais do
que um concurso simplesmente com questões objetivas. Cumprindo todos os prazos
legais, se tem por indicativo que em torno de abril o primeiro concurso já
esteja homologado. Ficariam faltando somente os que necessitam de habilitação
específica, os de línguas, inclusive o de Libras, para serem homologados
provavelmente um mês depois. Isso dentro do prazo legal.
A
SMED já encaminhou ofício junto à SMA solicitando a criação de 300 cargos de
professores. Já está tramitando; não foi encaminhado à Câmara de Vereadores,
porque neste momento não é possível nenhuma criação de cargos, nada que demande
algum tipo de aumento de remuneração ou de cargos para o Município. Dia 1º de
janeiro se tem idéia de que vários projetos de criação de cargos, inclusive de
outras Secretarias, serão encaminhados à Câmara de Vereadores. Esse processo
atualmente se encontra na Gestão, que é a Secretaria que faz a intermediação,
nesses projetos de lei, com a Câmara de Vereadores. Mas já está lá o Projeto de
criação de mais 300 cargos de professores para atender justamente essas
demandas novas que estão sendo colocadas, e de outras questões que já foram
apontadas aqui.
Quanto
à questão do Plano de Carreira, efetivamente o Grupo de Trabalho que foi
montado em 2007 para o estudo do Plano de Carreira, com um corpo técnico de
servidores da Prefeitura e de representantes do SIMPA, verificou que existia
essa demanda, sim, de servidores da SMED e da SMA para a criação de um Plano de
Carreira específico. Mas o Grupo de Trabalho entendeu que, assim como outros,
seria a criação de um Plano específico por órgão e como cultura e como existe
no Município um único Estatuto, um único Plano de Carreira, o que faz com que,
por exemplo, os servidores de Secretarias possam se movimentar, que possam sair
e possam ser relotados em outras Secretarias por essa questão de isonomia e da
igualdade dos seus cargos. Então, se entendeu que pelo grupo de trabalho,
naquele momento, o indicativo seria a revisão geral do Plano de Carreira dos
servidores que fazem as mesmas atividades e às vezes em órgãos diferentes.
Em relação a esse grupo de trabalho, já foi feito
diagnóstico, já foi entregue para o centro de Governo de quais são as propostas
e existe já no Orçamento, como essa revisão do Plano de Carreira é uma ação PPA
Orçamentária, que está no Portal de Gestão – se vocês forem entrar -, já foi
solicitado e existe previsão orçamentária para contratação de uma empresa para
assessorar a definição de algumas questões quanto à questão do Plano de
Carreira, isso para forma geral do Município.
Quanto à questão da progressão, efetivamente, as
letras “a” para “b”, nessa última progressão que está em curso que ainda sendo
avaliada, não houve número de vagas suficientes, conforme preconiza o Decreto,
para ascensão da letra “a” para a letra “b”, porque existe mais pessoas dentro
da letra “b” do que número de vagas. Então não se pode abrir.
Desse GT do Plano de Carreira, uma das propostas é
o estudo do retorno de 50% de vagas para cada classe, como era nos dois, três
Decretos atrás na regulamentação. A SMA, realmente, se mantém estudando
firmemente no propósito de rever a proposta de progressão do jeito que é feita
hoje, modernizando até mesmo seu processo. A ATEMPA, inclusive, nos fez um
questionamento sobre processo de progressão, na verdade, a Comissão que analisa
os títulos do cargo de Magistério não foi regulamentada ainda e a SMA se
colocou inclusive à disposição para a regulamentação da Lei n.º 6151, num
artigo que trata especificamente dessa Comissão. Mas ela ainda não foi
implementada em função de que precisa ser regulamentada. Enfim, para o estudo,
nós estamos à disposição e colocamos a nossa equipe à disposição para isso.
Quanto à questão da Guarda, só um parênteses, a
SMA, em conjunto com a SMED, com a Guarda Municipal, também está trabalhando na
qualificação do guarda na escola, que é um projeto específico. Ao longo deste
ano, foi trabalhado com os guardas, algumas turmas de guardas passaram por
qualificação e capacitação para trabalhar com o público específico da
comunidade escolar. Então, é um processo que vem caminhando e o concurso da
Guarda Municipal também está contemplado no Projeto de contratação de empresa.
Então, uma questão que a Guarda tem da dificuldade de prover pessoal, vai ser
contemplada também nesse concurso. A Guarda Municipal, pela sua característica,
necessita, após a nomeação de servidores, a qualificação desses servidores, que
é a exigência de um curso que dura em torno de três a quatro meses. É um curso
inicial de preparação para guarda, o qual também está previsto, assim que sair
a homologação, a nomeação e esse curso preparatório.
E eu acho que, das questões que o Flávio trouxe
neste momento, a SMA ...
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Simone, o
tempo encerrou. Os senhores, nas argumentações finais, poderão, os
questionamentos levantados, ser respondidos. Ou algum outro membro do Governo
que queira se inscrever, no prazo de cinco minutos, também, nós asseguraremos a
palavra, de acordo com o regramento. Portanto, tendo manifestado quem propôs a
Audiência Pública e as representações do Governo, neste momento, passaremos a
ouvir, pela ordem, o Sr. Wilson de Oliveira Miranda, do CMET, Delegado do OP.
O SR. WILSON DE OLIVEIRA MIRANDA: (com tradução
de sinais de libras) Olá, eu sou Professor do CMET Paulo Freire; sou
Delegado do OP, representando a comunidade surda na temática da Educação,
Esporte e Lazer. A comunidade surda, há dez anos, vem lutando pela Escola
Municipal de Surdos. Já temos, agora, a Escola de Surdos Salomão Watnick que
está num espaço provisório e que, no ano passado, foi inaugurada junto com o
Prefeito Fogaça, essa luta
foi conseguida. Agora, estamos aguardando, o terreno nós já temos, estamos
aguardando a construção da escola. Também estamos preocupados com essa questão
da inclusão ou não-inclusão, na permanência das escolas de surdos. É muito
importante que as escolas de surdos permaneçam, tenham continuidade, tenham a
construção e o desenvolvimento da Língua de Sinais, também a construção da
identidade das pessoas surdas para que possam ter contato entre si. É muito
importante a escola, porque é como um conforto, é uma segurança, uma liberdade,
uma independência que se cria dentro da escola de surdos para os surdos. A
política de inclusão do MEC quer cortar, terminar com as escolas de surdos e
com as escolas especiais. E o nosso movimento... Se o surdo ficar sozinho
dentro de uma escola de ouvintes será um retrocesso na educação dos surdos,
porque não tem comunicação, termina com a educação dos surdos. Muitas pessoas acabam
não gostando, então, é importante que tenha a educação, a escola de surdos para
que se desenvolva isso. Também um outro exemplo: a escola indígena. É
importante para a comunidade indígena que tenha uma escola indígena; para a
comunidade surda também, uma escola bilíngüe que contemple a Língua de Sinais e
a Língua Portuguesa. Os surdos ficam preocupados também em relação a concurso,
à criação do cargo de instrutores de Língua de Sinais, que são professores e
também professores de disciplinas para que usem e sejam fluentes em Língua de
Sinais. Eu quero te perguntar, Suzana, da SMA: como está a criação do cargo de
intérprete de Língua de Sinais e de instrutor de Língua de Sinais, e do
instrutor-professor da Língua de Sinais?
Eu
consegui passar num concurso em Santa Catarina e fico pensando: bom, quando eu
for, quem vem me substituir? É preciso também fazer concursos para a disciplina
de Libras, de Língua de Sinais. Instrutor de Libras é diferente, é que ele fica
responsável por esse contato com as famílias, por ensinar à comunidade ouvinte
a Língua de Sinais. Também é uma troca a questão dos intérpretes que sempre nos
acompanham. Isso sempre existe onde tem surdos, em palestras, em reuniões. É
importante também a criação desse cargo de intérprete. É isso. Obrigado.
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Antes
de finalizar a Audiência, eu concederei a palavra tanto ao Flávio quanto às
representações do Governo, para as suas alegações finais, ocasião em que todos
poderão enfrentar as questões aqui colocadas.
Agradecemos
ao Wilson e passamos a palavra à Srª Ana Luiza Caldas, CMET, Escola Municipal
de Educação Fundamental de Surdos Bilíngüe Salomão Watnick.
A
SRA. ANA LUIZA CALDAS: (com
tradução de sinais de libras) Boa-noite a todos, eu estou há pouco tempo
na Prefeitura e agora eu sou colega do Wilson, que também é surdo, e eu também
sou surda. Eu fico vendo, e algumas coisas me chateiam muito, como, por
exemplo, o concurso que foi feito, eu lutei muito e parece que sempre fui
desprezada. Eu estava lá em último, por último, por último, era importante
primeiro os ouvintes trabalharem nos espaços, mas eu via, dentro do espaço, por
exemplo, do CMET, muitos surdos e professor surdo não tem. Faltam professores
surdos também na Escola Salomão Watnick, não tinha nenhum professor surdo. Eu
não entendia, porque a Escola Salomão é uma escola bilíngüe e dentro só tem
pessoas ouvintes trabalhando, não tinha nenhuma pessoas surda trabalhando. Eu
não entendo isso, pois tem muitos surdos com faculdade, que são formados. Eles
vão tentar fazer um concurso, eles precisam que a prova seja igual a dos
ouvintes, precisa ter uma prova para que se conheça bem a Língua de Sinais. Eu
fiquei esperando durante quatro anos. Na verdade, quase não consegui entrar,
porque parece que o surdo fica de fora, mas o CMET lutou, as pessoas lutaram, e
a Escola Salomão também lutou para conseguir duas vagas, para duas pessoas.
Duas professoras saíram, e, no final, entrou uma pessoa. Mas parecia que
estavam com pena de mim, que estavam me salvando, mas não! É importante que
haja um profissional surdo que esteja atuando nas escolas onde há surdos. Eu
fico vendo que há muitos problemas nas escolas, todo mundo acha que é fácil,
que é perfeito; não, não é assim! É bastante sério, eu fiz um concurso, coloquei
um atestado que uso língua de sinais, mas que tenho Pedagogia em Educação
Infantil, tenho mestrado e me colocaram para ensinar libras! Eu não sou
professora de libras, eu quero minha sala de aula, fiz um concurso e quero ser
professora assim como as pessoas ouvintes, mas me parece que: “Bom, não tem
formação, será colocada em qualquer lugar”, e, pelo fato de eu ser surda, eu
tenho que assumir a disciplina.
Também
a questão do concurso de libras: precisa haver a disciplina de libras no
concurso, professor de libras. Por exemplo, o professor de matemática, de
geografia também pode fazer concurso para esses cargos, há muitas pessoas
formadas que estão aí, e também há muitos ouvintes que são formados, entram no
concurso, não sabem libras e vão para sala de aula lecionar. Não! Não é isso.
Vocês conhecem a Lei nº 1.456/02 que fala a respeito da Língua de Sinais e que
depois foi oficializada através de Decreto em 2005? Fala tudo a respeito da
Língua de Sinais e da importância da divulgação e também da formação dos
professores surdos. Hoje já há uma grande parcela da comunidade surda que está
formada, e parece que continuam só falando, falando e esquecem que precisam de
um profissional surdo, precisam desse contato.
Eu
fico vendo tudo isso, vejo como o Wilson é responsável por essa participação no
Orçamento Participativo durante anos, mas tenho um pouco de medo porque é
assim: a verba está ali, bom, como vamos fazer, como vamos gastar, onde fica
tudo isso? Eu tenho um pouco de vergonha pelo Wilson, dez anos de luta no
Orçamento Participativo representando a comunidade surda, e a escola ainda não
foi construída. Sei que é uma discussão política, há o MEC querendo fechar as
escolas, mas e aí, onde está a cidadania do surdo, a acessibilidade da pessoa
surda, onde ficam? A gente precisa defender o surdo e mostrar, explicar,
também, que ele pensa, que é igual ao ouvinte. O surdo é igual ao ouvinte! Tudo
bem, a gente é diferente, o ouvinte está sempre ouvindo tudo e ele tem um
espaço. O surdo também precisa ter um espaço visual onde as mãos sejam vistas,
e esses espaços são muito diferentes. Alguns ouvintes fazem prova, concurso na
Língua Portuguesa; bom, é mais fácil. A Língua de Sinais do surdo é a primeira,
a segunda é a Língua Portuguesa. Por isso, muitas vezes, há uma demora nessa
construção. Hoje, por exemplo, se tem formação para cego, para deficiente
mental, para várias áreas, mas depois que nós ficarmos velhas, quem irá nos
substituir? Onde há essas formações? A gente vê que não tem garantia de nada,
não tem metodologia de nada. Temos que pensar bastante.
Às
vezes eu vou à Prefeitura, e as pessoas têm medo de mim. “Ah! Ela é surda, meu
Deus do céu! Ela é surda-muda!” Como é que eu vou me comunicar? Bom, eu preciso
me comunicar, onde tem intérprete? Não tem! É importante ter intérprete para
ter aceso às informações. Se, por exemplo, eu venho aqui na Câmara de
Vereadores e eu quero me comunicar, tem intérpretes? Estou fora, estou
excluída, não estou incluída neste mundo, por isso há necessidade do
intérprete. Isso tudo é para vocês pensarem. Obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Concedo
a palavra à Presidente do Simpa, Srª Carmem Padilha.
A
SRA. CARMEM PADILHA: Boa-noite
à Mesa, aos nossos colegas municipários, à Verª Sofia, ao Diretor do PREVIMPA,
Sr. Rigotti; eu inicio esta fala acho que fazendo um esclarecimento a respeito
do que foi dito aqui pela representação da SMA. O Simpa participou, através de
sua Diretoria, após a nossa greve, de um GT constituído com o Governo, para
tratar do Plano de Carreira para a categoria. Esse GT, desde o início, teve uma
dificuldade, que eu diria que era uma crise de identidade, porque de um lado
estava o Simpa, com a sua representação clara, representando ali os
municipários nessa discussão, e de outro lado nós tínhamos técnicos, que se
diziam técnicos e que não se diziam representação do Governo. Esse foi o
primeiro impasse desse GT. Ora, nós constituímos, no final da greve, um GT com
o Governo e não com técnicos que não tinham o poder de representar o Governo.
Frente a isso e frente a uma declaração feita por esses técnicos, entre aspas,
de que o GT não teria tempo hábil para debater um plano de carreira para a
categoria, esse GT, então, estabeleceu uma prioridade, que também foi definida
por assembléia geral da nossa categoria, que seria o debate das progressões. Em
nenhum momento nós dissemos que o plano de carreira para os servidores de
escola estaria se contrapondo a uma necessidade de plano de carreira para a
categoria. Nunca foi dito isso pela representação do Simpa! E isso tem sido
usado sistematicamente pelo Governo, o que me faz perguntar se não é uma
tentativa de colocar o Simpa numa situação delicada frente à categoria. Eu acho
que sim. Mas nós temos dito. Frente a essa situação de que não haveria tempo,
que não haveria disposição por parte do Governo de fazer o debate a respeito de
um plano de carreira, nós iniciamos pelas progressões. E aí vem o segundo
esclarecimento: nós debatemos as progressões e chegamos a um documento. E esse
documento dizia o quê? A volta dos 50% para a categoria, o acréscimo de mais
duas referências, de mais duas letras, e, ainda por cima, também, que nós
repassaríamos para o quadro geral os 10%, que é hoje a diferença de classe que
está estabelecida no quadro de carreira do Magistério. Três avanços. Chegamos a
esse documento. Agora, frente à crise de identidade desse grupo por parte do
Governo, que se dizia técnico e não Governo, nós não tivemos poder de decisão.
Como não tínhamos esse poder, nós todos fomos para uma audiência com o Centro
de Governo, coordenado pelo Secretário Clóvis Magalhães, e lá entregamos,
então, o documento com uma síntese das propostas elaboradas pelo GT. Chegando
lá, o que é que o Secretário Clóvis Magalhães diz? “Não, não era assim; era
para debater plano de carreira”. Bom, naquele momento nós sentíamos que havia,
sim, uma tentativa de protelar a discussão, de enrolar a discussão e que não
havia vontade política de se efetivar nem o debate do plano de carreira nem de
avançar nas progressões. Nesse sentido, nós terminamos por ali, a não ser que
nós tivéssemos um outro GT, onde o Governo realmente se apresentasse enquanto
Governo e com poder de decisão e de encaminhamento das questões tanto da
progressão quanto do plano de carreira. Acho muito ruim essa prática. Já vi em
outros momentos, e não me parece que seja dessa forma que nós vamos efetivar um
diálogo construtivo e produtivo com a categoria.
Gostaria
ainda - não sei se ainda tenho tempo - de trazer uma preocupação que é o centro
da minha discussão aqui, hoje: a municipalização do ensino, que o Flávio
trouxe, e me parece que nós deveríamos nos aprofundar neste debate. Porque a
municipalização do ensino é extremamente nefasta para aqueles que se preocupam
com uma política educacional que realmente avance para os brasileiros, para
todos nós. Nós já tivemos este debate em outros momentos; por exemplo, o
CPERS-Sindicato eu sei que fez um debate profundo sobre a municipalização e tem
posição contrária. Nós, na ATEMPA, também já fizemos e gostaríamos - deixo aqui,
para finalizar, uma sugestão - de fazer este debate através da Comissão de
Educação da Câmara, um debate sobre a municipalização do ensino. (Palmas.)
(A
Verª Sofia Cavedon assume a presidência dos trabalhos.)
A
SRA. MAGI MAGNUS MINOTTO: Boa-noite
a todos! Sou professora da Escola Lygia Averbuck. Eu queria um
esclarecimento de alguém da Prefeitura, eu acho que do PREVIMPA, sobre a
aplicação da Lei n° 11.301, da Aposentadoria Especial: qual é a interpretação
que se dá a “assessoramento pedagógico”, e se a aplicação dessa Lei vai ser imediata.
Porque, antes de ela ser julgada pelo STF, ela nos foi negada. Eu trabalhei em
Direção de escola por 12 anos; tenho 29 anos de serviço, solicitei o benefício,
e ele me foi negado. Fui ao Arquivo para saber o motivo. Dizia assim: porque a
Lei é inconstitucional e, além disso, a professora Magi é Especialista
em Educação. Eu nunca fui Especialista em Educação; eu fiz concurso para sala
de aula, como professora de Educação Especial. Não sei de onde saiu essa
informação. Sobre a Lei ser inconstitucional, acho que caberia ao STF, ao
Supremo, fazer essa consideração; a nós acho que cabe o cumprimento da Lei. Eu
gostaria de um esclarecimento a respeito disso e - quando ela foi julgada, o
resultado foi favorável a nós - se ela está sendo aplicada ou se vai ser
aplicada de imediato. Quero um esclarecimento a respeito disso. Muito obrigada.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Sofia Cavedon): Obrigada,
Magi.
Chamo
agora a Gorete Losada, Diretora da ATEMPA.
A
SRA. GORETE LOSADA: Boa-noite
a todos e a todas! Sou professora da Escola Municipal Mário Quintana e Diretora
da Área Sindical da ATEMPA. Uma das preocupações que nós, da ATEMPA, temos e
que a gente vem acompanhando na Comissão de Educação aqui da Câmara de
Vereadores é com relação à violência nas escolas. Recentemente nós estivemos
acompanhando a Escola Mariano Beck - já acompanhamos a Escola Grande Oriente e
outras escolas que vêm, sucessivamente, pedindo socorro à Câmara de Vereadores,
porque muitas vezes só fazendo esse movimento junto à SMED não tem sido suficiente.
Hoje as escolas vivem uma situação de isolamento total, as equipes diretivas já
não sabem mais o que fazer para controlar as diferentes situações que ocorrem
nas escolas, de conflitos dentro da escola e fora da escola. A escola vive num
isolamento, sendo muitas vezes a única referência do serviço público naquela
comunidade, onde há ausência de assistência social, ausência da saúde; e a
escola acaba sendo espaço de lazer, acaba sendo um espaço onde as comunidades
pedem socorro. Esse socorro a gente não consegue dar; temos limites com relação
a isso, e a escola, como eu já disse, vive nesse isolamento. As situações de
conflito acabam cada vez mais se acirrando. Não se tem controle, muitas vezes,
de quem pode acompanhar o pátio, quem acompanha o banheiro; há uma
insuficiência grande com relação aos funcionários das escolas.
Então,
uma das questões que a gente aponta aqui é a necessidade de a SMED rever o
quadro de funcionários das escolas e, também, reforçar o apoio pedagógico das
escolas, para que a gente consiga dar conta pelo menos da situação interna. E
também, levando isso em consideração, uma das coisas que nos assusta muito e
que já enfrentamos no início deste ano de 2008 foi a falta de professores nas
escolas. Estou vendo aqui colegas da Chapéu do Sol, que nos dizem que faltam
dez professores, agora, neste momento. Outras escolas não conseguiram ainda
fechar seu quadro, e imaginem como vamos chegar em março de 2009 com as
aposentadorias que estão por vir, com as licenças-saúde - a nossa categoria está
adoecendo cada vez mais -, e, além disso, com a criação das novas escolas. A
situação a que vamos chegar vai ser de calamidade. Se a Câmara de Vereadores
não pressionar a SMED, a SMA para tomarem uma atitude e reverem essa situação
de uma forma urgente, março de 2009 vai ser um caos. (Palmas.) Na verdade, toda
essa situação que a gente está vivendo vai contra a qualidade de ensino que
queremos manter. Queremos defender os ciclos de formação, e, para que eles
ocorram da forma como foram pensados, tem que ter estrutura nas escolas para
que funcionem. E, por último, chama-me muito a atenção que esta Casa tenha
aprovado rapidamente uma gratificação para os nossos colegas municipários da
Fazenda, uma gratificação grande, bastante gorda, e não tenha mexido nenhum
centímetro para pensar nas progressões atrasadas - até agora muitos colegas
nossos estão tendo que entrar na Justiça para rever esse direito. Isso é um
absurdo, e queremos que a Câmara de Vereadores encaminhe imediatamente uma
solicitação para a Prefeitura, para que pague esses atrasados, porque, segundo o
nosso Prefeito, há recursos, a situação da Prefeitura está muito bem, obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Sofia Cavedon): Obrigada,
Gorete.
O Sr. Adriano Fernandes de Moura, do CMET Paulo
Freire, está com a palavra.
O SR. ADRIANO FERNANDES DE MOURA: Boa-noite, eu
sou do CMET Paulo Freire, sou aluno da Professora Ana Luiza e do Wilson.
Eu entrei no CMET, agora estou-me formando no
Ensino Fundamental, e vejo o quanto eu evoluí, mas falta ainda uma EJA de
Ensino Médio, está faltando um espaço que a gente possa estudar.
Existe a possibilidade de construção da escola, a
gente tem que fomentar isso para que se realize e para que os surdos possam
estudar. Assim como a Ana Luiza falou e também o Wilson, é importante haver
essa troca entre os surdos com aulas pela manhã, tarde e noite, para que todos
possam estudar do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, porque está faltando o
Ensino Médio no CMET. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agradeço pela
colaboração da Verª Sofia Cavedon.
A Srª Marta Barbosa Castro, do Conselho Municipal
de Educação, está com a palavra.
A SRA. MARTA BARBOSA CASTRO: Boa-noite a
todos os presentes, os meus cumprimentos à Mesa. Eu represento, neste ato, a
Profª Rosa Mosna, Presidente do Conselho Municipal de Educação.
Eu vou falar de assuntos tratados nesta Audiência e
que dizem respeito ao Conselho Municipal de Educação. Na fala do Prof. Flávio
foram citadas duas situações, com duas escolas novas - Rincão e Moradas da
Hípica - que teriam andamento nos seus processos irregulares com o Conselho. Só quero fazer alguns esclarecimentos:
o primeiro é com relação ao Rincão - não há nenhuma divergência de
encaminhamento com o Conselho Municipal de Educação, e estamos aguardando para
o início das atividades letivas da escola o processo de autorização e
credenciamento. Sim, há - com relação ao processo de criação de escola da
Moradas da Hípica, mas que já foi devidamente encaminhado à Secretaria
Municipal de Educação, para que a mesma se manifeste.
Com
relação também à EJA, aos 18 anos, que a professora Simone mencionou, já foi
feito o encaminhamento por parte da Secretaria para que o Conselho participasse
dessas discussões. E a Comissão de Ensino Médio, Modalidades e Normas Gerais do
Conselho Municipal de Educação, que também está elaborando uma norma municipal
para a EJA, também já se mostrou aberta às discussões. Com relação ainda ao
tema EJA, ao prédio da Escola CMET Paulo Freire, e da Escola Salomão Watnick,
as duas Escolas nos seus pareceres, respectivamente, de autorização e de
criação de escola, há, por parte do Conselho, de que seja o mais breve possível
encaminhado o prédio definitivo das duas escolas, que até agora ainda não foi
encaminhado. Então é uma luta também do Conselho Municipal de Educação para que
essas escolas tenham os seus prédios definitivos, de acordo com o que rezam as
nossas Resoluções.
Com
relação ao Ensino Médio, falado há pouco pelo colega que me antecedeu, o
Conselho tem a firme posição, de acordo com a Legislação, que é Constituição,
LDBEM, a Lei de criação do sistema, e, agora, recentemente, do ano passado, a
Lei do FUNDEB, nós somos contrários ao Ensino Médio em âmbito municipal por
ferir a Constituição, que é âmbito de atuação da rede estadual.
Quero
dizer da nossa satisfação em compor a Mesa, uma vez que o Conselho é composto
por representações. A ATEMPA possui seis assentos no nosso Conselho, e as
nossas conselheiras estavam aqui presentes, e portanto, essas discussões da
ATEMPA são levadas e discutidas dentro do Conselho. Nós sempre mantemos o nosso
apoio, ou as discussões, com a categoria de professores por entendermos que é
nossa atribuição compartilhar e discutir os temas relevantes à educação no
Município de Porto Alegre.
Meus
cumprimentos e boa-noite a todos. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Sofia Cavedon está com a palavra.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; senhores e senhoras; professores e
professoras; alunos; trabalhadores em Educação; colegas Guardas; os
representantes aqui da ATEMPA e do SIMPA, boa-noite a todos. Meus parabéns à
ATEMPA pela iniciativa e à SMED também – inclusive saúdo a presença da SMED, eu
gostaria de cumprimentá-los. Eu escutava vocês, a fala do Flávio, do Simpa, e
dos trabalhadores, e ia reconhecendo um a um dos temas, Sr. Presidente, que
trabalhamos o ano inteiro nesta Casa, na Comissão de Educação. E quero iniciar
pela nossa Lei da Aposentadoria, pois estivemos em Audiência com o Presidente
do PREVIMPA, com a SMA, com a Secretária, insistimos que o PREVIMPA deveria ser
parceiro; fizemos Audiência Pública nesta Casa, da Comissão, e sugerimos que o
PREVIMPA deveria aplicar a Lei para ser parceiro na luta por sua
constitucionalidade. Não tendo sucesso, nós fizemos uma Moção, esta Casa
aprovou, Presidente, e nós conseguimos nos manifestar antes da decisão final.
Sentimos orgulho pela mobilização de vocês, pela presença da Casa, nós
contribuímos para o sucesso, para a vitória da constitucionalidade dessa Lei que
reconhece o trabalho pedagógico dos nossos educadores, que não é só na sala de
aula e que é imprescindível na escola. A Secretária de Educação do Estado, que
vem retirando o apoio pedagógico das escolas estaduais, vem destinando à escola
estadual um lugar muito triste: um lugar de aumento muito grande de reprovação
e evasão escolar. Eu poderia traçar aqui vários outros temas, mas eu chamo a
atenção para a questão da violência, pois na terça-feira que vem nós vamos
novamente à Escola Mário Quintana, nós temos acompanhado várias situações, e é
impossível que o Governo Municipal mantenha a posição que mantém: não
encaminhou concurso da Guarda; reduziu o número de horas extras - está
praticando só 90 horas extras, quando os guardas praticavam 140 horas extras para
cumprir a agenda necessária para cobrir as escolas, não para fazer situações
emergenciais ou a mais -; e, ainda, os Guardas Municipais foram deslocados para
outros lugares que não escolas, para as praças da Cidade. Portanto, é real que
foi uma opção política de redução de horas extras, de ampliação de espaço e a
realização do concurso, que há mais de um ano estamos sem concurso -, que vem
incidindo na ausência de guardas nas escolas municipais com graves
conseqüências para o cotidiano da escola, para a segurança dos professores;
desagregação de grupos de escolas que temos assistido em função das situações
extremas que vêm vivenciando. Fizemos vários movimentos, vários, desde moção,
tribunas, audiência, reuniões com o Secretário. Às vezes, Sr. Presidente,
sinto-me impotente, assim como as escolas, muitas vezes, sentem-se por “bater
na mesma tecla” e não terem retorno sobre esse tema. Concurso de professor:
também já fizemos audiência, viemos alertando há horas; conseguimos ajudar a
SMED nas nomeações, nas últimas nomeações, pressionando a SMA, agora em julho,
levando os temas. Na questão da Educação Especial, acho que construímos com a
Rede Municipal, não só o movimento de resistência, de debate do espaço da
Escola Especial, como é importante, mas estamos com o Fórum de Inclusão,
Presidente, que a Câmara está apoiando na sua pessoa, que vai lançar o livro,
agora em dezembro, sobre os debates, do diálogo colocado em curso entre as
Redes Municipal, Estadual, Privada, Educação Especial e as escolas regulares. Acho
que isso é muito lindo, é inusitado em Porto Alegre, e que tende a dar um passo
adiante na questão da inclusão escolar, onde estamos discutindo com a Rede
Estadual, que vem reduzindo alunos com deficiência nas suas escolas, como vem
praticando a redução de turmas no Ensino Fundamental, que é um tema da
municipalização denunciado aqui várias vezes.
Gostaríamos, como temos pouquíssimo tempo, quero
fazer algumas propostas, Presidente, que a Secretária de Educação se
manifestasse publicamente, se é contra o fechamento de turmas de Ensino
Fundamental, que está acontecendo em várias escolas estaduais; manifestasse,
por escrito, ao Ministério Público, porque o Estado, onde abre para Ensino
Médio, ele está fechando Ensino Fundamental. Aí o Município vai suprir o Ensino
Fundamental e vai deixar de crescer na Educação Infantil, que é onde tem que
crescer; é o Estado se retirando da sua responsabilidade. O Estado está
fechando escolas, fechou a Escola Estadual Marechal Luiz Osório, fechou a Escola Estadual de Ensino Fundamental Argentina e está fechando turmas
de Ensino Fundamental. Temos denunciado, temos chamado atenção, mas não temos
sido capazes de barrar. Quanto à questão do parecer do Jamil Cury, que é a
novidade do final do ano, queria propor que pudéssemos ter uma posição da
Câmara, vou formalizar ao Presidente, à Casa e que pudéssemos, talvez
Presidente, fazer uma reunião com o Conselho Nacional de Educação, é muito
importante, porque vamos ter um vácuo, vai ser um desastre a partir do ano que
vem, porque sabemos do grande problema da multirepetência, que o jovem não fica
mais na escola de Ensino Fundamental. Infelizmente, nós avançamos na escola por
ciclos, há outra condição na progressão, mas mesmo assim, eles não têm mais
nada a ver com a gurizada que está nas turmas menores, em Porto Alegre a
situação é grave, as Escolas
Estaduais ainda trabalham com seriação por nível de conhecimento. Então, nós
temos muitos jovens, mas não têm mais lugares nas Escolas de Ensino Fundamental
diurna e regular. Então, nós não podemos abandoná-los, vai ser um desastre.
Acho que nós, como Câmara, como fizemos na questão da Educação Especial,
queremos-nos manifestar, Presidente, e podemos marcar uma agenda, com as
entidades indo juntas, fazendo uma discussão com o Conselho Nacional de
Educação. (Palmas.) Eu peço ao Presidente que a gente possa desarquivar a
Criação de Cargos de Tradutor em LIBRAS, que é um Projeto de Lei que veio para
cá e está arquivada. Acho que as pautas todas, quero parabenizar o CMET, os
surdos, pela sua luta. Eu sei que precisa professores de LIBRAS, além de
tradutor de LIBRAS, mas eu acho que este cargo está pronto, Presidente, para
nós criarmos. O Projeto de Lei existe, a SMA sabe disso. Acho que a Casa pode,
já, tomar a iniciativa de tramitar, a gente criar um tradutor de LIBRAS, de
língua de sinais, para a gente poder avançar nesta conquista e ouvir outras
demandas e ajudar a interceder. Às vezes, demora anos e anos; às vezes, a gente
desanima, mas vocês estão aí, marcando as suas presenças, mudando a cultura e
nos ensinando como a gente tem que fazer para ser, de fato, uma cidade
democrática. Queremos agradecer o protagonismo de vocês e aprender muito com
vocês. Parabéns pela luta e conte com a Comissão de Educação e com esta Casa.
Obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Nós
oportunizamos as inscrições que aportaram à Mesa, todas as manifestações. Neste
momento, eu concedo, pela ordem, num prazo de cinco minutos, se for necessário,
eu prorrogo por mais alguns minutos, a palavra ao Sr. Flávio José Helmann da
Silva.
O
SR. FLÁVIO JOSÉ HELMANN DA SILVA: A
ATEMPA se sente muito satisfeita em ter proposto esta discussão, nesta noite,
aqui na Casa, porque é nosso papel, enquanto entidade de classe, levantar estas
questões, não deixar que as coisas aconteçam sem reagir a elas e sem alertar a
sociedade dos problemas que a gente está enfrentando e que a gente vai
enfrentar de maneira mais grave, ainda, em 2009. Esperamos que esta Casa, pela
receptividade que tivemos na pessoa do Presidente, Ver. Sebastião Melo, e na
receptividade que vemos tendo na Comissão de Educação, em especial na pessoa da
Verª Sofia, que a gente possa, junto com a Câmara, junto com as entidades aqui
presentes, e junto com o Governo Municipal encaminhar, de fato, soluções para este
problema. Nós temos que levantar essa questão da municipalização e discuti-la,
e temos que chamar o Governo do Estado para a sua responsabilidade em relação a
isso. Nós temos que zelar pela qualidade da nossa política de Educação no
Município de Porto Alegre, em especial na questão das Escolas de Ensino
Fundamental, e, para isso, a gente tem que acompanhar, Presidente, aqui com
esta Casa e com as nossas entidades, estes problemas que foram levantados aqui.
Esperamos que nós possamos começar 2009 com a presença dos colegas da Guarda em
todas as Escolas. Esperamos que a gente possa começar 2009, caro Presidente do
PREVIMPA, com a recepção desta Lei da Aposentadoria Especial contemplando a
todos os professores que fazem diuturnamente o seu trabalho de apoio pedagógico
nas Escolas, contemplados com essa Aposentadoria Especial que já é dada aos
professores no exercício da docência. Esperamos que a gente possa manter viva
essa bandeira da Educação Especial, com escolas especiais e específicas para o
atendimento destes alunos e destas famílias que tanto respaldo e amparo dá a
estas famílias. Esperamos que a gente possa ter, de fato, implantada uma rede,
para nunca mais sair da estrutura da Educação, com atendimento aos nossos
jovens e adultos na EJA e em escolas específicas como o CMET, e nas nossas
Escolas, como temos hoje, uma rede importante, que precisamos preservar e
incorporar à rede como um todo, porque não podemos mais fazer com que estas
modalidades tão importantes possam ser como um apêndice, como um anexo das
nossas Escolas. Esperamos que a gente possa contar e cobrar do Governo Estadual
para que implante, de fato, o Ensino Médio de EJA com educação presencial, que
não é a Educação de dar uma folhinha, mandar para casa e voltar seis meses
depois para fazer uma prova; não é isso o que os nossos jovens e adultos
precisam; eles precisam do acompanhamento qualificado do professor, da
estrutura qualificada de uma escola para que realmente possam ter recuperado o
seu desenvolvimento no processo de conhecimento. Nós precisamos realmente de
escolas municipais de ensino infantil que tenham estrutura, que tenham
professores, que tenham funcionários, para de fato atender essas crianças como
elas merecem. E os trabalhadores em Educação precisam de respaldo do Governo Municipal,
para que possam desempenhar o seu trabalho no dia-a-dia, nas diferentes
escolas, e que não mais precisemos passar por situações como vêm passando os
colegas da Escola Marzico, da Escola Mariano Beck, da Chico Mendes, da Mário
Quintana e tantas outras neste Município. Nós precisamos de condição de
trabalho, de qualidade no nosso trabalho, de remuneração digna, para que a
gente possa levar o nome de Porto Alegre e manter a qualidade da Educação
Pública que há muito tempo prestamos no Município de Porto Alegre. É este o
papel da ATEMPA, e a gente conta com a Câmara de Vereadores para que se possa
realmente encaminhar esse processo e ter um 2009 melhor para os trabalhadores
em Educação e para toda a população que usa a rede municipal de ensino em Porto
Alegre. Era isso. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Srª Suzana Reis Coelho, Supervisora de Recursos Humanos da Secretaria Municipal
de Administração, está com a palavra para as considerações finais.
A
SRA. SUZANA REIS COELHO: Representando
a Secretaria de Administração, eu gostaria de agradecer a oportunidade de
responder algumas questões atinentes ao Magistério Municipal no que diz
respeito à Secretaria de Administração. Só gostaria de retificar que, se na
brevidade do tempo, eu fui muito sintética, realmente concordando com a
Presidenta do SIMPA, houve dois momentos nesse GT. E o que a Carmem falou está
exato, houve duas conclusões. A primeira em relação à progressão, onde o SIMPA
participa, e num segundo momento, onde somente os técnicos do Município fazem algumas
proposições, entre elas esse indicativo de um Plano de Carreira único para os
servidores do Município, de uma forma geral.
A
questão do concurso está para referendar, está em processo, já foi feito o
pregão eletrônico para a contratação da empresa. Espera-se que nos próximos
dias se possa efetivar a contratação e início do processo de trabalho.
Quanto à questão da criação do intérprete de
Libras. Caso não esteja aqui, Vereadora, o Processo, a SMA verifica aonde está
esse processo de criação de cargo. A própria Secretaria de Acessibilidade
também tem esse indicativo de poder trabalhar, sim, nos seus quadros ter
pessoal de carreira dentro do intérprete de Libras, entre outros, no caso que a
Acessibilidade faz essa solicitação para a SMA, ela vem solicitando, neste
momento, realmente, qualquer projeto de criação de cargos não foram
encaminhados esperando a próxima Legislatura. Mas já há esse indicativo, a
própria Secretaria da Acessibilidade tem esse Projeto, uma vez que se pretende
trabalhar integrado com todas as Secretarias na questão da inclusão.
E a Secretaria de Administração, de novo, reforça a
disponibilidade de trabalhar em parceria, se for o caso, no estudo de
alterações de leis, se for o caso, dentro de um plano maior de Plano de
Carreira ou de algumas questões pontuais que se fizerem necessárias, como a
regulamentação da Lei n.º 6151, por exemplo. Estamos à disposição inclusive
para trabalhar com os servidores, inclusive para servidores de outras esferas
da Prefeitura. Eu estava me lembrando que a Ana Luiza, a gente fez contato via
Escola de Gestão, na SMA, para poder pensar inclusive num curso para outros
servidores, de Libras, enfim, a gente está disposto a poder trabalhar em
conjunto na Secretaria de Administração, como um todo, todos os seus setores
serem parceiros, realmente, dessa luta. Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ainda resta
um minuto e 36, se a Professora quiser usar? A Srª Maria Cristina Garavelo.
A SRA. MARIA CRISTINA CHAVES GARAVELO: Serei breve,
para me despedir, mas uma vez eu gostaria de louvar e agradecer a oportunidade,
como feita hoje, aqui, pela ATEMPA, pela Câmara, de nos propiciar este momento
de debate, de discussão, de reflexão e de encaminhamentos relacionados à
Educação municipal. E eu gostaria de pontuar a questão do R.H, que é uma
questão que tem nos preocupado muito. Tanto é prova disso, que, na conferência
de sábado, um dos pontos foi a política de recursos humanos em que foram
trazidas quinze questões. Foi o ponto que mais trouxe situações, ações e
encaminhamentos, foram os Recursos Humanos. Quinze pontos. E para nós ficarmos
refletindo e não deixarmos, também, toda a questão da qualidade, que nós é tão
cara na rede municipal, simplesmente, no “mais R.H”, é uma questão, assim,
séria, que tem de ser discutida, observada com muita atenção e
responsabilidade, porque não é mais no “mais R.H” que nós vamos, também,
garantir a qualidade da Educação na rede municipal. Nós temos outras questões
tão ou mais importantes que os Recursos Humanos, não que eles não o sejam, o
são, mas para não ficarmos, simplesmente, mais horas para isso, mais horas para
aquilo, porque aí nós vamos reduzir a uma questão simplista, e a questão é bem
maior e muito séria, porque, para Educação, também precisamos de financiamento,
de recurso, de dinheiro, e eles devem ser muito bem distribuídos. Uma Educação
de qualidade se faz muito com professores qualificados, com formação, mas,
sozinhos não conseguimos fazê-la. Então é uma discussão séria que eu trago e
deixo aqui esta reflexão: se for só nesse mais horas que nós vamos chegar onde
queremos chegar e nos mantermos onde estamos. Obrigada, uma boa-noite e, mais
uma vez, estamos à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Primeiro,
quero cumprimentar a ATEMPA por ter proposto esta discussão. Tenho repetido
aqui, a Verª Sofia Cavedon que nos acompanha aqui, não só enquanto Presidente
da Casa, acho que a lógica do Brasil é
que os Parlamentos precisam inverter um pouco as suas agendas, às vezes se
produzem legislações muito inócuas para o dia-a-dia do cidadão, passam tempos e
tempos discutindo isso e não oportunizam agendas propositivas, fiscalizatórias.
Eu acho que, primeiro, as Comissões Temáticas de um Parlamento são os locais
onde você pode aprofundar mais as discussões. No plenário, muitas vezes, isso
não é possível. Eu presidi Comissão nesta Casa, foi uma experiência muito rica,
porque você pode ser mediador de temas que a Cidade tem permanentemente.
Segundo, as Audiências Públicas também têm esse fito, elas nunca são
conclusivas, mas apontam caminhos. E aqui, se me permite, Verª Sofia Cavedon,
Flávio e demais componentes da Mesa, eu acho que vocês deveriam, pegando as
notas taquigráficas, que amanhã já estarão prontas, através de CD ou disquete,
propor uma Audiência Pública na Comissão de Educação na Assembléia Legislativa
sobre esse tema. Por quê? Porque acho que em algumas matérias aqui colocadas há
que envolver o Governo Federal e o Governo do Estado, não em todos os temas
aqui debatidos. Mas há alguns temas que, sem esses atores, não avançam;
absolutamente não avançam. Segundo, eu queria deixar como sugestão, dizer que a
Casa poderá sediar, ou dar suporte para a Comissão de Educação para fazer a
Reunião do Conselho Nacional; não há problema nenhum, podem encaminhar, nós
faremos isso em parceria com a Presidência, dando suporte para a Comissão, este
aqui é o espaço garantido para isso. Terceiro, eu vou pedir, eu já falei com a
Regina, para que ela aporte - ela disse que pode ser amanhã, ou depois de amanhã
- justamente as notas taquigráficas desta Audiência Pública a todas as
Secretarias atinentes ao que foi aqui debatido, mas especialmente mandar para a
nossa Marilú Medeiros, que está bem representada aqui pela professora, e também
pela nossa Sônia, para que, evidentemente, este debate não morra aqui. E,
evidentemente, que outros temas também... vamos suscitar o Dr. Luiz Afonso, vi
aí questões da Guarda Municipal e outros que possam chegar também às suas
respectivas Secretarias, bem como ao Prefeito Municipal, porque o mínimo que a
Câmara pode fazer é socializar as informações que aqui foram debatidas, para
que os órgãos governamentais possam tomar as suas atitudes. Então, eu queria
agradecer enormemente a presença de cada um de vocês, dizer, com toda a
certeza, que a vinda aqui não foi à toa. Eu sempre acho que a nossa maior
riqueza, o maior tesouro que a nossa Cidade tem é exatamente o controle social.
Em vários pontos da Cidade hoje, com toda a certeza, estão acontecendo reuniões
como esta sobre os mais diversos temas, e esta é a nossa Cidade, a nossa Porto
Alegre, com essa riqueza que construiu, ao longo do tempo, esse trabalho.
Agradeço
aos participantes, muito especialmente ao Flávio, que é o Diretor da ATEMPA,
não só por sua presença, mas por ter oportunizado este debate; à Srª Carmem
Padilha, que é Presidente do Simpa; à Srª Suzana Reis Coelho, representando
aqui a Srª Secretária Sônia Vaz Pinto; à Profª Marta Barbosa Castro,
representante do Conselho Municipal de Educação; à Profª Maria Cristina Chaves
Garavelo; às demais representações, especialmente ao Diretor do PREVIMPA,
também, o Rigotti, que acompanhou toda a Audiência. Está encerrada a presente
Audiência. Muito obrigado. (Palmas.)
(Encerra-se a Audiência Pública às 21h05min.)
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